Em clima de ‘final’, Lula e Bolsonaro terão uma hora de embate direto em debate na Band
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) protagonizarão, a partir das 20h deste domingo (16), o primeiro embate direto e sem coadjuvantes da eleição presidencial. Promovido por Folha, UOL, TV Bandeirantes e TV Cultura, o primeiro debate do segundo turno das eleições receberá dois adversários aconselhados a priorizar propostas e manter a calma. Na avaliação de colaboradores, rompantes podem beneficiar o rival.
Apesar das recomendações, confrontos mais acalorados são apontados como inevitáveis por aliados dos dois candidatos. Entre apoiadores de Lula e de Bolsonaro, a expectativa é que acabe por se repetir o clima do debate da TV Globo, ocorrido no dia 29 de setembro, quando os dois trocaram acusações. No debate da Globo, cada um obteve quatro direitos de resposta por ofensas pessoais.
O candidato nanico Padre Kelmon (PTB) fez dobradinha com Bolsonaro, unindo-se ao presidente em críticas a Lula e à esquerda usando argumentos parecidos com o do presidente. Aliados do petista afirmam que, agora, Bolsonaro não poderá se valer do mesmo expediente e terá que enfrentar Lula diretamente. No confronto deste domingo, os dois candidatos terão uma hora de confronto direto.
Serão três blocos, com previsão de perguntas de jornalistas e dois momentos, de 30 minutos cada, em que os presidenciáveis poderão debater livremente. No primeiro turno, Lula teve 48,43% dos votos válidos ante 43,2% de Bolsonaro. Para este domingo, Lula tem sido orientado a reagir com tranquilidade e firmeza. Segundo aliados do ex-presidente, ele é quem teria mais a perder caso o estúdio fosse convertido em ringue.
Seu desempenho, dizem, poderá consolidar a vantagem detectada nas pesquisas de opinião. Já um deslize poderia colocar em risco essa liderança. Embora orientado sobre os riscos de um contra-ataque ríspido, Lula não deverá reproduzir a estratégia do primeiro debate do primeiro turno, quando foi criticado por não responder no mesmo tom aos ataques de Bolsonaro sobre denúncias de corrupção.
Como munição, Lula recebeu também um compilado com informações que vão de casos de corrupção no governo Bolsonaro à morosidade na compra de vacinas. Segundo aliados, o conjunto também inclui dados sobre as chamadas emendas de relator, bem como denúncias de retenção de parte do salário dos funcionários de gabinetes da família Bolsonaro, prática apelidada de “rachadinha”.
Ainda de acordo com aliados, o coordenador de programa de governo de Lula, o ex-ministro Aloizio Mercadante, participará das reuniões para subsidiar o candidato com números do Brasil e do plano de governo. Além dele, o publicitário Sidônio Palmeira, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, e o ex-ministro Franklin Martins participam das reuniões preparatórias.
Entre aliados de Bolsonaro, a expectativa é de que ele explore pautas conservadoras que, segundo pesquisas qualitativas feitas pela campanha, têm dado bom resultado entre eleitores. No programa eleitoral de sexta-feira (13), por exemplo, foram exploradas declarações de Lula sobre o aborto, e o presidente chorou ao falar de sua filha Laura. A peça apresentava Bolsonaro como defensor da família, um dos principais motes de sua campanha.
Em todos os seus discursos, de maneira direta, o presidente se contrapõe ao petista, dizendo que o ex-presidente é o candidato que legalizará o aborto, as drogas, entre outros temas que não constam no programa de governo do PT. O presidente deve ainda resgatar a operação da Polícia Federal (PF) desta semana que teve como alvo um aliado do petista em Alagoas. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) afastou Paulo Dantas (MDB) do cargo de governador. Entre as suspeitas está o uso de funcionários fantasmas em seu gabinete.
A determinação judicial atendeu a um pedido da PF. Segundo investigadores, os fatos apurados são da época que Dantas era deputado estadual e, também, do período em que já ocupava o cargo de governador. Além de mirar o petista, ao trazer à tona a operação, Bolsonaro poderá ainda criticar o senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI da Covid no Congresso e um dos seus principais adversários na Casa.
O mote da corrupção também é um dos principais da campanha bolsonarista contra Lula e deve retornar no debate deste domingo. Bolsonaro deverá defender a redução da maioridade penal. Segundo relatos, o presidente recebeu conselhos do coach e deputado federal eleito Pablo Marçal (Pros). Outrora adversário, o influenciador se tornou um dos principais cabos eleitorais de Bolsonaro nesta reta final nas redes.
Ele participou de live ao lado de Bolsonaro na última quinta-feira (13), em São Paulo. O presidente deve se preparar no domingo para o debate com integrantes do seu primeiro escalão, como os ministros Fábio Faria (Comunicações), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Wagner Rosário (CGU).
Segundo relatos, ele deve treinar para responder a questionamentos sobre as chamadas emendas de relator, tema tido como provável no encontro. Apesar dos conselhos, o presidente é imprevisível, segundo aliados, o que torna impossível saber como se comportará em frente às câmeras. De toda forma, os pedidos de moderação, para não demonstrar grosserias, permanecem.
Ademais, neste domingo, a equipe do presidente espera que uma das jornalistas escaladas para questioná-lo no debate será Vera Magalhães, com quem ele protagonizou um episódio machista e grosseiro, no confronto da TV Bandeirantes do primeiro turno entre presidenciáveis.
Aliados esperam que a cena não se repita, até porque o presidente continua precisando melhorar seu desempenho eleitoral entre mulheres.
Foto: Reprodução
Catia Seabra , Julia Chaib , Marianna Holanda e Victoria Azevedo / Folhapress
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