O presidente Jair Bolsonaro decidiu o partido pelo qual deve concorrer às eleições presidenciais de 2022: será o PL (Partido Liberal). Espera-se que o chefe do Executivo anuncie oficialmente nos próximos dias sua chegada à sigla presidida pelo ex-deputado federal, Valdemar da Costa Neto.
O ingresso do presidente —sem partido desde 2019— ao PL foi confirmado por interlocutores próximos a Bolsonaro, ouvidos pelo UOL. A data da cerimônia está em discussão. Mas, segundo congressistas do PL, a sigla trabalha para que a cerimônia de oficialização seja realizada em 22 de novembro.
A apoiadores, o presidente afirmou que a filiação pode acontecer ainda esta semana. Desde que deixou o PSL, devido a desentendimentos com a cúpula da sigla, Bolsonaro tentou criar o Aliança Pelo Brasil, mas o projeto acabou não saindo do papel a tempo.
O partido de Valdemar Costa Neto entrou na disputa pela filiação de Bolsonaro há duas semanas, quando integrantes do PL se reuniram com aliados do presidente para tratarem sobre o tema. Nas redes sociais, Costa Neto chegou a publicar um vídeo em que afirmou que a legenda buscará “protagonismo” no pleito eleitoral de 2022.
Bolsonaro também chegou a discutir seu retorno ao Progressistas (PP), partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, pelo qual Bolsonaro foi deputado de 2005 a 2016. “Tentei e estou tentando um partido que eu possa chamar de meu e possa, realmente, se for disputar a Presidência, ter o domínio do partido. O PP passa a ser uma possibilidade de filiação nossa”, relatou o presidente em julho.
Mas, com o martelo batido hoje, Nogueira já teria sido avisado sobre a decisão do presidente de não voltar ao Progressistas.
“Sempre falo com o presidente. Sempre tive contato com o Bolsonaro. Agora, tivemos o contato anterior e as coisas andaram. Fiz nossa gravação convidando ele para vir par ao partido. Hoje ele [Bolsonaro] me informou que falou com o Ciro [Nogueira, do PP], falou com os outros partidos. Ele tem que se entender com todos, nós temos que nos entender para que todos sejam atendidos”, disse Costa Neto em mensagem enviado hoje a jornalistas.
“Hoje, o PP tem a presidência da Câmara. Amanhã vamos querer ter essa presidência. Tem a reeleição do Arthur [Lira, do PP], vamos apoiar e depois de nós vem o PRB [Republicanos]. Todos têm que crescer, todos têm que ter essa vantagem, não pode ficar para trás. Se temos um grupo, temos que estar unidos. Mas ele [Bolsonaro] falou comigo que falou com Ciro hoje, Ciro entendeu, vamos tocar para frente o assunto e vamos ver quando vamos fazer a filiação”, concluiu o ex-deputado do PL, na gravação.
Atualmente, os três filhos políticos de Bolsonaro estão em partidos distintos: Carlos é vereador no Rio de Janeiro pelo Republicanos; Flavio é senador pelo Patriota; e Eduardo é deputado pelo PSL.
Divisão do PL
A ala conservadora do PL recebeu bem o ingresso de Bolsonaro ao partido. Para o vice-líder do PL e um dos líderes da bancada evangélica, o deputado federal Lincoln Portela (PL-MG), a escolha é positiva para a democracia. “A aliança é boa para o presidente e para o PL. As ideias comungam, o partido vota em 93% com o presidente da República, e é liberal. A expectativa é boa e tudo já está ajustado”, disse ao UOL.
Mais cedo, o senador Welington Fagundes (PL-MT) considerou que as diferenças regionais do PL podem levar a um racha interno. “É possível ter coligações diferentes, até porque na legislação não tem verticalização”, disse a jornalistas.
Opositor declarado de Bolsonaro, o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM) tem dito desde janeiro deste ano que estaria em palanque contrário ao de Bolsonaro nas eleições de 2022. Após a notícia da filiação, nesta segunda, o congressista usou suas redes socais para afirmar que, em respeito ao PL, não comentaria o caso.
Conteúdo: UOL
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