Pesquisadores alemães descobriram um inusitado fator de risco de morte para pacientes com problemas cardíacos: estado civil. De acordo com um estudo feito pelo Hospital Universitário de Würzburg, na Alemanha, pessoas com insuficiência cardíaca solteiras correm maior risco de morte do que pessoas casadas com a mesma condição. Apoio social no manejo do tratamento é apontado como fator para a “proteção” oferecida pelo matrimônio.
“A conexão entre casamento e longevidade indica a importância da sociedade”, afirmou Fabian Kerwagen, autor do estudo e pesquisador do Centro de Insuficiência Cardíaca Abrangente do Hospital Universitário de Würzburg, Alemanha, em comunicado.
No início, fatores como qualidade de vida, limitações sociais e autoeficácia foram medidos usando o Questionário de Cardiomiopatia de Kansas City, projetado especificamente para pacientes com insuficiência cardíaca. A limitação social se refere à extensão em que os sintomas de insuficiência cardíaca afetam a capacidade dos pacientes de interagir socialmente, como praticar hobbies e atividades recreativas ou visitar amigos e familiares. A autoeficácia descreve a percepção do paciente sobre sua capacidade de prevenir descompensação da doença e gerenciar complicações. O humor deprimido foi avaliado por meio do Questionário de Saúde do Paciente.
Durante o período de acompanhamento, 679 (67%) pacientes morreram. Os resultados mostraram que ser solteiro foi associado a maiores riscos de morte por todas as causas e também por problema cardiovascular, em comparação com ser casado. Pacientes viúvos apresentaram o maior risco de mortalidade, em comparação com o grupo casado.
“O apoio social ajuda as pessoas a lidar com as condições de longo prazo. Os cônjuges podem ajudar na adesão aos medicamentos, incentivar e ajudar no desenvolvimento de comportamentos mais saudáveis, o que pode afetar a longevidade”, explicou Kerwagen.
Os resultados revelaram também que os pacientes solteiros exibiram menos interações sociais do que os pacientes casados e não tinham confiança para gerenciar sua insuficiência cardíaca. “Estamos explorando se esses fatores também podem explicar parcialmente a ligação com a sobrevivência”, completou o pesquisador.
Não houve diferença em relação à qualidade de vida geral ou humor deprimido entre pacientes casados e solteiros. No entanto, o grupo de solteiros teve pior pontuação em limitações sociais e autoeficácia – definido como a percepção do paciente sobre sua capacidade de prevenir exacerbações de insuficiência cardíaca e gerenciar complicações – em comparação com o grupo de casados.
Estudos anteriores mostraram que ser solteiro é um indicador de prognóstico menos favorável tanto na população geral quanto em pacientes com doença arterial coronariana.
(oglobo)
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