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Juro de 13,75% não tem cabimento e impede brasileiros de comprar, diz Luiza Trajano

A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, a empresária Luiza Trajano, se juntou a uma série de empresários que manifestaram preocupação com o nível elevado da taxa básica de juros.

Na semana passada, antes da reunião do Banco Central, ela afirmou à Rádio CBN não entender por que a taxa básica saiu de 2% para mais de 13% ao ano diante da queda no consumo e disse esperar uma sinalização do BC de que a Selic vá cair em breve. O Copom (Comitê de Política Monetária), no entanto, não deu esse sinal, e ainda afirmou na quarta-feira que os juros podem subir novamente, se necessário.

Na sexta-feira (24), durante evento sobre o setor de varejo, ela afirmou não ser possível deixar a taxa no nível em que está. “Um país como nosso vive de renda e de crédito, a renda vem do emprego e o emprego vem da venda. O crédito com 13,75% não tem cabimento, ninguém pode comprar produto a prazo”, criticou.

A decisão do Copom já havia sido alvo de manifestações de preocupação de vários empresários na noite de quarta, como mostrou a coluna Painel S.A. Entre eles, Ricardo Lacerda (BR Partners), Flavio Rocha (Riachuelo), Laercio Cosentino (Totvs) e Alexandre Ostrowiecki (Multilaser).

Na segunda-feira (20), às vésperas do Copom, um seminário do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) virou palco para críticas à política monetária por parte de economistas, empresários e políticos. O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes da Silva, chegou a dizer que as taxas de juros no Brasil são “pornográficas” e incompatíveis com a situação fiscal do país.

Em nota divulgada na quarta-feira, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que a decisão do Copom foi equivocada.

A entidade afirmou que o comitê do Banco Central deveria ter iniciado o processo de redução da Selic nesta semana, e disse esperar que esse processo se inicie na próxima reunião do comitê, marcada para os dias 2 e 3 de maio.

“A confederação acredita que a manutenção da taxa de juros é, neste momento, desnecessária para o combate à inflação e apenas traz custos adicionais para a atividade econômica”, disse a CNI. “A Selic está há mais de um ano em patamar alto o suficiente para contrair a atividade econômica e desacelerar a inflação.”

A CNI afirmou ainda que é preciso que o governo tenha cautela na condução dos gastos públicos, para evitar que a taxa Selic permaneça em patamar alto, com prejuízo para a atividade econômica.

A Firjan (federação das indústrias do Rio de Janeiro) afirmou que o elevado patamar da taxa de juros tem imposto severos sacrifícios à atividade econômica e representado entrave para as condições de crédito, prejudicando os investimentos das empresas e o consumo das famílias.

“No entanto, a federação reforça que, para que a redução da taxa Selic ocorra de forma responsável, é preciso que as incertezas no âmbito das contas públicas sejam superadas e que a ancoragem das expectativas de inflação em torno da meta esteja garantida.”

O Copom não cedeu à pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para redução dos juros e manteve na quarta-feira (22) a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.

Sem adotar um tom mais brando, como esperavam alguns analistas, a autoridade monetária não deu sinais de que pretende cortar a taxa em maio e manteve a mensagem sobre a possibilidade de voltar a elevá-la, caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), criticou a decisão do Copom e disse considerar “muito preocupante” o tom do comunicado do Banco Central.

Diante de incertezas fiscais e de ruídos gerados por falas de Lula e do primeiro escalão do governo contra o BC, as expectativas de inflação dos analistas do mercado para prazos mais longos pioraram.

Também na quinta, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, disse que a aprovação da proposta de uma nova regra fiscal para o Brasil, que está sendo elaborada por Haddad, pode abrir espaço para a redução responsável de juros pelo BC.

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