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Evento-teste será em agosto; ida ao banheiro controlada por tecnologia e venda de bebidas por aplicativo

O evento-teste que agora está previsto para acontecer em agosto, no Centro de Convenções, em Salvador, contará com diversos protocolos de segurança e deve ter auxílio da tecnologia para evitar contato entre as pessoas. Serão utilizados aplicativos, sites, QR Codes e reconhecimento facial, por exemplo, para controlar a entrada no evento, o acesso aos banheiros e a compra de alimentos e bebidas. Não haverá venda de ingressos e os convidados devem ser pessoas ligadas ao setor de eventos. A duração máxima prevista é de três horas. Ainda não se sabe quais artistas estarão na grade da programação.

O prefeito Bruno Reis, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (21), ressaltou que a realização do evento foi uma ideia de cinco entidades do setor, que procuraram a prefeitura com a proposta. Essas associações também ficarão responsáveis por selecionar os convidados da festa, que terá 500 pessoas no total.

Todos os participantes já devem ter tomado a primeira dose da vacina contra a covid-19 há pelo menos 20 dias e realizar um teste RT-PCR até 24h antes do evento. Essas pessoas também serão acompanhadas por um prazo de 15 dias para monitoramento de possível infecção. Durante o evento, o uso de máscara será obrigatório, haverá álcool em gel disponível e será determinado distanciamento entre os convidados.

As entidades que participarão são: a Associação Brasileira dos Produtores de Eventos (Abrape), Associação do Coletivo de Entidades de Matriz Africana (Acema), Associação dos Profissionais de Eventos (APE), a Associação Baiana dos Produtores de Eventos (Abape) e o Grupo Bahia. Após a festa, um laboratório vai monitorar todos os convidados para avaliar se haverá infectados pelo novo coronavírus.

O diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Eventos sessão Bahia (Abrape-BA), Nei Ávila, diz que Salvador está seguindo o movimento de outros estados do Brasil e de outros países e que o evento-teste acontecerá de forma segura. “Eu quero deixar claro que não é festa, não é show, é um evento científico, que será monitorado. O objetivo é que a gente possa constatar se vamos poder voltar a fazer nossos eventos ou não”, explica.

Ávila ainda acrescenta que os convidados serão divididos por áreas, espécies de lounges, e que cada espaço deve comportar até quatro pessoas de uma mesma residência. “As pessoas vão ser divididas por áreas, provavelmente com quatro pessoas em cada uma delas. A ideia é colocar juntas pessoas que vivam na mesma casa, que já convivam. As coisas estão muito bem feitas e iremos apresentar todos os detalhes futuramente”, ressalta.

De acordo com o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, o evento-teste é uma forma de verificar se os protocolos propostos são ou não eficazes e que a ação representa uma precaução do setor de eventos, sendo vista como algo positivo. “O setor está sendo precavido. Não está simplesmente propondo um protocolo para a retomada, está propondo que esses protocolos sejam testados. Não há interesse em voltar de qualquer jeito, o objetivo é voltar de forma segura e gradual”, defende.

“Uma das únicas atividades que não retornaram ainda é o setor de cultura, sobretudo de entretenimento e de eventos. Isso segue uma lógica, mas o setor está buscando alternativas junto com a prefeitura e quer a retomada”, acrescenta o presidente.

Para o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Eventos (Abape), Moacyr Vilas Boas, o setor de eventos precisa retomar as atividades o quanto antes. “Nenhum setor consegue ficar quase dois anos parado. “Não vejo sentido em cinemas poderem funcionar e teatros não, por exemplo. É plenamente possível que a gente faça eventos seguindo todas as medidas possíveis de segurança. É mais caro, é mais trabalhoso, mas é possível. Vale lembrar que evento não é só festa, festa de rua. E as pessoas precisam entender que não é só entretenimento, é cultura e é emprego e renda para diversas pessoas”, destaca.

Vilas Boas afirma que o evento-teste servirá como um estudo científico e que estão sendo buscadas referências de outros eventos do tipo no Brasil e no mundo.  “Nós estamos estudando diversos casos desses, procurando informações de todos os protocolos adotados e já temos uma base consolidada do que deu certo e do que não deu. Já temos bastante conhecimento sobre o vírus e seu comportamento, então eu acredito que estamos num momento seguro para realizar isso”, pontua.

Preocupação do Ministério Público

Está prevista para às 16h desta quinta-feira (22) uma reunião entre a prefeitura de Salvador e o Grupo de Trabalho do Ministério Público para acompanhamento das ações de enfrentamento do coronavírus –  GT Coronavírus – para discutir a realização do evento-teste na cidade. O MP já oficiou, por duas vezes, a prefeitura em relação ao evento. No primeiro deles, o órgão solicitou informações sobre os protocolos que serão adotados. A partir das respostas obtidas, o MP oficiou no último dia 19 a Secretaria de Saúde Municipal (SMS) questionando a pertinência da realização.

O novo documento leva em conta a resposta do Município ao primeiro ofício, onde informou que sobre a definição dos protocolos para a realização do evento teste, a iniciativa ainda está em fase de planejamento e conceituação, e indicou que as entidades que representam o setor (ABAPE, ABRAPE, ACEMA e APE) “apresentaram uma proposta com o formato e todos os protocolos necessários para a realização do evento de forma responsável, os quais ainda estão sendo avaliados pelo corpo técnico do Município”.

De acordo com o presidente da Saltur, Isaac Edington, todos os esclarecimentos necessários serão prestados ao MP.

Evento-teste foi adiado por risco da variante Delta

De acordo com o prefeito Bruno Reis, o risco de transmissão da variante delta do novo coronavírus foi o principal motivo do adiamento do evento-teste em Salvador, que estava previsto para ser realizado neste mês de julho. Agora, a prefeitura prevê que o evento seja realizado em agosto, mas não divulgou data ainda.

“Diante do que estamos vendo acontecer no mundo, na Holanda, e outros países, e da transmissão comunitária em São Paulo e Rio de Janeiro da variante Delta, todos os técnicos que nos acompanham pediram que nós aguardássemos mais um pouco para realizar o evento”, explicou o prefeito Bruno Reis.

Reis explicou ainda que, caso a variante chegue à capital, terá que retroceder nas medidas de flexibilização, mas espera que isso não seja necessário. “Caso essa variante chegue na nossa cidade, nós teremos que adotar novas medidas de isolamento social. Não quero reabrir leitos de UTI, mas, efetivamente, não podemos descartar porque é um cenário que está acontecendo em outros lugares”, pontua. Cerca de 80 leitos de UTI já foram desativados desde junho em Salvador.

O evento teste visa demonstrar quais protocolos devem ser adotados nas festas de Salvador enquanto o coronavírus circular. Em cidades como Barcelona, na Espanha, iniciativas semelhantes foram testadas com sucesso, reunindo até 5 mil participantes. A capital paulista também prepara espetáculo em ambiente controlado com esse mesmo objetivo.

“É um evento para definição dos protocolos de como serão as festas e os shows em Salvador. A gente precisa ver qual vai ser o formato que se sustente que tenha condições de quem realiza o evento possa empreender, e a nossa preocupação é com toda cadeia que envolve os eventos. Tem gente que está há 1 ano e meio sem receber 1 real de renda”, disse o prefeito.

A cepa indiana

Identificada originalmente na Índia, essa cepa foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma variante de preocupação. Estimativas indicam, além disso, que a variante é cerca de 50% mais transmissível do que a Alfa, descoberta pela primeira vez no Reino Unido.

De acordo com o Ministério da Saúde, 110 casos já foram identificados no Brasil, sendo seis no navio que esteve na costa do Maranhão, um em Minas Gerais, 13 no Paraná, dois em Goiás, três em São Paulo, dois em Pernambuco e 83 no Rio de Janeiro. Até o momento, entre esses casos, cinco óbitos foram confirmados para a variante de atenção/preocupação Delta, sendo nos estados do Maranhão (1) e Paraná (4).

“O Ministério reforça que tem orientado estados e municípios sobre todas as ações necessárias, como intensificar o sequenciamento genômico das amostras positivas para a Covid-19 e a vigilância laboratorial, rastreamento de contatos, isolamento de casos suspeitos e confirmados, notificação imediata e medidas de prevenção em áreas de suspeita de circulação de variantes”, diz a nota.

No exterior, o avanço da Delta tem motivado o debate sobre o uso de uma terceira dose de vacina. A Pfizer chegou a pedir às autoridades americanas aval para oferecer uma nova injeção, o que ainda não ocorreu. Israel aprovou uma terceira aplicação.

Por causa da variante Delta, governos têm liberado a diminuição do intervalo entre as aplicações das vacinas contra covid-19 das fabricantes AstraZeneca ou Pfizer, com fizeram o Estado do Rio, Distrito Federal, Santa Catarina, Pernambuco, Maranhão, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul.

Em Salvador, o intervalo também sofreu alteração. “É óbvio que o que vai nos proteger é o processo de vacinação que Salvador segue como uma das cidades mais eficientes na aplicação das doses, inclusive estamos antecipando aí em uma semana a aplicação das segundas doses para nos fortalecer ainda mais para caso a variante Delta chegue”, disse o prefeito.

Reis afirmou que a prefeitura continua realizando testagem e monitoramento de pessoas infectadas e se mostrou otimista ao falar sobre a situação atual do sistema de saúde da cidade. “Nesta semana, praticamente todos os dias nós amanhecemos sem nenhum paciente aguardando nas UPAs leitos de UTI. A demanda, a pressão sobre o sistema de saúde caiu de forma expressiva, esperamos que continue assim e acreditamos que é por causa da vacina”, pontuou.

De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), que faz exames de sequenciamento genético da covid para identificar variantes que circulam na Bahia, não há registro da variante Delta no estado. Também não há indícios da variante Beta (África do Sul). O laboratório afirma que a variante Gamma (antiga P.1, originária em Manaus) ainda é responsável por quase 80% das infecções no estado e predomina no estado juntamente com a cepa do Reino Unido.

A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que realiza fiscalização de portos e aeroportos para impedir a disseminação de variantes pelo país. A agência afirmou que, nos aeroportos internacionais, incluindo o aeroporto de Salvador e de Porto Seguro, exige PCR negativo realizado nas últimas 72h que deve ser apresentado já desde o embarque rumo ao Brasil, no país de origem e na apresentação da Declaração de Saúde do Viajante, onde o passageiro informa se está apresentando algum sintoma suspeito.

Em portos, antes que um navio entre no Porto, a Anvisa informou que faz uma varredura nos registros do livro médico de bordo em busca de sintomas suspeitos. “O marítimo faz exame PCR antes de subir na embarcação e outro PCR para desembarcar da mesma, que precisa ser negativo, além de isolamento prévio com monitoramento diário da saúde. Após o embarque, quando há qualquer suspeita a bordo a embarcação prontamente é colocada em quarentena de 14 dias, ninguém entra e ninguém desce e a Anvisa determina a testagem de toda a tripulação”, diz a nota.

 

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