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“Eu estou muito indignada, estou muito ferida”, diz mulher ofendida em vídeo de turistas

Em vídeo enviado para a TV Bahia, a mulher que aparece nas imagens feitas por dois turistas do Rio de Janeiro durante uma visita ao Pelourinho, em Salvador – Eliane de Jesus – conta que está indignada com a publicação e que ela trabalha no local há mais de dez anos.

“Meu nome é Eliane e eu estou aqui para falar sobre um vídeo que está rolando aí, sobre a minha imagem, de duas pessoas insignificantes. Ele bateu foto minha e eu não vi. Não fui até ele, eu nem sei quem é ele, eu vi depois que ficou rolando nas redes sociais e na internet as pessoas falando sobre isso”, disse.

“E eu estou muito indignada, estou muito ferida com isso, porque isso é intolerância religiosa. Eu trabalho no Pelourinho há mais de dez anos, benzo, e sou suspensa como Ekede [cargo no candomblé] em uma casa. Então não é certo ele me chegar e fazer isso com minha imagem. Isso é uma intolerância contra a minha religião”, afirma.

Entenda o caso

Um vídeo feito por dois turistas do Rio de Janeiro durante uma visita ao Pelourinho, em Salvador, ganhou as redes sociais durante o último final de semana e gerou revolta entre os internautas. Nas imagens, publicadas no sábado (13), Ludwick Rego e Rômulo Souza filmam uma baiana que está com roupas do candomblé, sentada ao lado de uma mesa.

Na gravação, os dois dizem: “É aquela baiana ali, ela falou que vai me dar axé, ela tem cara de macumbeira?”, diz Ludwick. “Ela é o que, irmã?”, questiona Rômulo. “Marmoteira”, responde Ludwick na sequência. “E preguiçosa”, completa Rômulo.

Ainda na filmagem, Rômulo diz que “Ela vai roubar o seu axé, isso sim”, enquanto dá risada. Ludwick continua: “Ela vai roubar o meu colar pra ela”.

Repercussão

Após a repercussão, Ludwick e Rômulo também se manifestaram nas redes sociais e trancaram os perfis.

“A gente veio aqui nesse vídeo fazer uma retratação, pedir desculpas ao povo da Bahia, ao povo do Pelourinho, ao povo do axé, que em momento algum a gente quis ofender a cultura, né, inclusive eu faço parte do axé, e nós ali estávamos numa brincadeira de uma pessoa que estava vendendo axé, que a gente sabe que axé não se vende. Quem é realmente da religião sabe que axé não se vende. Você abençoa uma pessoa e ela dá aquilo ali que ela pode”, diz Ludwick.

Em nota, a Associação das Baianas de Acarajé se solidarizou com a vítima, mesmo ressaltando que ela não seja uma baiana. “Nós, da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, alertamos a todo instante sobre a importância em NÃO disseminar o racismo, preconceito e forma perversa de dar continuidade aos maus tratos que só geram dores e tristezas”, diz o início do texto.

“Por essa razão, viemos em público acolher essa Senhora, que não é Baiana de Acarajé, mas ganha seu sustento no ponto turístico de Salvador com seu dom de cura com as folhas e boas energias, acolhendo baianos e turistas que solicitam seu serviço. Por tanto Senhor @Ludivickrego e toda sua cúpula que compactua em continuar as chibatadas em nosso povo de negro, de axé e que ganha o sustento da sua família com trabalho digno, merece nosso total respeito e empatia, não vamos tolerar essa sua afirmação tão absurda e cheia de deboche. O Novembro Negro existe para que pessoas como você se eduque e busque dissolver o racismo estrutural para que o mesmo não seja reproduzido”, finaliza a nota.

Conteúdo: Bahia Notícias
Editado: Ivan Cerqueira | Revista Recôncavo

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