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11 de maio: Brasil comemora o Dia Nacional do Reggae em homenagem a Bob Marley; e você conhece “Os Remanescentes”?

O 11 de maio – Dia Nacional do Reggae – é uma homenagem ao cantor e compositor jamaicano Bob Marley, que morreu em 11 de maio de 1981, aos 36 anos, em um hospital de Miami, Estados Unidos.

Marley é considerado um dos maiores representantes do estilo musical que surgiu na Jamaica, no final da década de 1960. Com a proposta de, por meio da música, falar de temas como o preconceito e desigualdade. Um estilo desenvolvido a partir de dois outros, o scar e o rock steady, uma mistura de gêneros, uma combinação harmoniosa e expressiva de sons e ritmos que, na década de 70, ganhou as asas luminosas da arte, despontando para o mundo.

Bob Marley – Foto: Reprodução

Um dos grandes nomes do Reggae baiano, Gilberto Gil trouxe influências do reggae em seu disco Refavela, de 1977. Mas foi em 1979 que regravou No Woman no Cry (Não Chore Mais), de Bob Marley e, a partir daí, nunca mais deixou de ter o reggae como grande influência em sua música. Em 2002, lançou um disco inteiro com regravações e versões de músicas de Marley, intitulado de KAYA N’GAN DAYA.

Mas foi no Recôncavo, às margens do Rio Paraguaçu, que o ritmo jamaicano encontrou seu leito. Aqui surgiram ‘Os Remanescentes’ – primeiro supergrupo do reggae brasileiro – e nomes como Edson Gomes, Nengo Vieira, João Teoria (Skanibais), Sine Calmon, Tintim Gomes e outros. A seguir uma pesquisa feita por Danilo Cruz, “Os Remanescentes ficaram intactos por 30 anos, descubra!”

Os Remanescentes do Paraguaçu-Cachoeira!

Foto: Reprodução/ OGANPAZAN

A Bahia é certamente um estado pioneiro no desenvolvimento de uma linguagem própria no que tange a música jamaicana. A história da música baiana dos anos 70 e 80 é permeada por influências do reggae que por aqui trabalharam em pelo menos duas vertentes. É um primeiro momento influenciaram a criação do samba-reggae e inspiraram movimentações estéticas e políticas da negritude baiana. Em um segundo momento, foi absorvido por músicos e artistas que foram expostos a essa chegada, como Lazzo Matumbi, Edson Gomes, por exemplo.

Quase como um elo de ligação e obviamente participação nos trabalhos desses dois artistas acima citados, um supergrupo se formou: “Remanescentes do Paraguaçu”. O nome inicial da banda formada nos anos 80, incorporava o local de onde vinha e ao mesmo tempo a originalidade de sua linguagem musical que visava ao seu modo desaguar no mar do reggae. Como o rio de Cachoeira, Os Remanescentes é legitimamente baiano e suas experiências existenciais – inspiradas no tropicalismo dos novos baianos – de viver em comunidade, se refletiam em sua música.

Caudaloso como o rio cachoeirano, foram e são também afluentes para a consolidação da cultura reggae em nosso estado. Um banda que reuniu Nego Vieira, Augusto Conceição, João Teoria, Sine Calmon, Tintim Gomes, Marco Oliveira, Valéria Vieira, estão presentes na música baiana de ontem e de hoje. Trinta anos após a gravação de “Só Remanescente Ficará” temos a oportunidade de voltar no tempo e conhecer o nível de excelência que foi produzido naquela altura.

Foto: Reprodução/ OGANPAZAN

Pioneiros do Reggae Nacional

Uma retrospectiva que obviamente joga luz e nos permite enxergar a nossa história de modo mais pungente. Fizeram parte da banda também outros excelentes músicos como Júlio Santa (bateria), Alcione Rocha (trompete), Augusto Conceição (trombone), Haroldo da Silva (trombone), Ito Bispo (saxofone), Beto Souza (percussão), Wilson Tororó (percussão), Quinho Batera (bateria) e Raimundo Ataíde (bateria). Essa turma toda, faz um trabalho irrepreensível ao longo de todas as músicas, no melhor do que se poderia se ter em termos de roots reggae nacional.

Ora, quem então desde lá admirava e tinha o privilégio de saber da nossa história, já ouvia o disco vazado pelas redes, desde antes do youtube. Porém, o trabalho dos produtores DJ Raiz, DJ Leandro Vitrola e Augusto Júnior, nos acrescentou um sabor que ainda era desconhecido. A reconstrução dos fonogramas que estavam disponíveis na internet, através de muito apuro técnico nos entregou um disco que se mostra atemporal.

Carregando com muito groove a mensagem fundamental do Cristo, Os Remanescentes compunham ali músicas que aliaram a crítica social a mensagens de busca da paz e do amor divino. As composições em sua maior parte a cargo de Nengo Vieira e de Sine Calmon, nos apresentam ao longo de todo o disco uma espécie de grandes sucessos de um disco que nunca foi lançado. Até então, já conhecíamos a maior parte do material, porém retrospectivamente é fácil perceber que as 11 faixas poderiam ter sido hits radiofônicos. E algumas delas foram pelas mãos de Sine Calmon, anos depois reeditando suas composições com sua banda Morrão Fumegante.

Os Remanescentes da História e atualização da cultura negra

A bonita capa que foi obra de Ricardo Fernandes, com foto de David Glat registrada em 1991, o ano em que se planejava o lançamento do disco, é um espetáculo à parte. Assim como o trabalho de publicização de outros tantos registros dos “rastas cachoeiranos” no instagram são resgates históricos muito importantes em um estado e país onde a história negra é tão maltratada.

A tecnologia que nos causa muitos problemas atualmente, possui também essas possibilidades de nos remeter a tempos e a conhecimentos que não possuíamos. O lançamento de “Só Remanescente Ficará” (2021) é uma excelente oportunidade para se conhecer a força coletiva desse grupo fabuloso de mestres da nossa cultura. Assim como, para que se aproveite o embalo e se resgate os trabalhos solos de Tintim Gomes e Marco Oliveira (Dystorção e Skanibais), João Teoria (Skanibais) e se conheça grandes arquitetos do reggae nacional!

#RevistaRecôncavo | Ivan Cerqueira; referências no texto.

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